Deus é castelo forte e
bom
Hino 97
Comunidade Suíça - Santa Leopoldina -
Espírito Santo
1 – Deus é castelo forte
e bom, defesa e armamento.
Assiste-nos com sua mão,
na dor e no tormento.
O rei infernal das trevas
do mal, com todo o poder e astúcia quer vencer: Igual não há na terra.
2 – A minha força nada
faz, sozinho estou perdido.
Um homem a vitória traz,
por Deus foi escolhido.
Quem trouxe esta luz?
Foi Cristo Jesus, o
eterno Senhor, outro não tem vigor; triunfará na luta.
3 – Se inúmeros demônios
vêm, querendo exterminar-nos:
Sem medo estamos, pois
não têm poder de superar-nos.
Pois o rei do mal, de
força infernal, não dominará;
Já condenado está por uma
só palavra.
4 – O Verbo eterno
vencerá as hostes da maldade.
As armas o Senhor nos dá:
Espírito, Verdade.
Se a morte eu sofrer, se
os bens eu perder: que tudo se vá!
Jesus conosco está. Seu
Reino é nossa herança!
Deus é castelo forte e
bom
Comentário e reflexão
HPD nº 97 - Deus é
Castelo forte e bom
O mais conhecido dos
corais de Martim Lutero é Ein Feste Burg ist unser Gott (Um Castelo Forte é o
Nosso Deus), cuja melodia procede do Canto Gregoriano; o texto é uma paráfrase
do Salmo 46, cujo tema é a confiança em Deus: Deus é nosso refúgio e fortaleza...
Podemos imaginar Lutero
contemplando os muros do castelo de Wartburg nos dias que antecederam seu
julgamento em Worms (1521). Sua confiança estava em Deus. Ele sabia que Satanás
era o seu grande Inimigo; seu defensor era Jesus. Os adversários procuravam
prendê-lo e matá-lo; a Palavra de Deus tinha poder para salvá-lo. Nada – ódio,
ofensa, morte – poderia atingi-lo, porque o Reino de Deus é eterno! Lutero cria
que o hino tinha poder para transmitir substância teológica.
Quanto à data de
elaboração do hino, existem algumas hipóteses:
1. numa noite de abril de
15211, preparando-se para obedecer à intimação pelo imperador Carlos V de
comparecer perante o parlamento em Worms, onde defendeu suas obras teológicas;
tendo saído de Wartburg e passado a noite com os Agostinianos na fortaleza
Marienberg, em Wurzburg, próxima do rio Meno; o papa Leão X tinha inscrito o
nome de Lutero na lista dos hereges, banindo-o da Igreja Católica;
2. algum tempo depois de
1521, lembrando-se do julgamento em Worms;
3. em 1527, quando sofreu
sua primeira crise renal;
4. em outubro de 1527,
por ocasião do décimo aniversário da afixação das Noventa e Cinco Teses na
porta da capela do castelo em Wittenberg;
5. em 1527, quando soube
da execução de crentes reformados em Bruxelas;
6. em 1529, por ocasião
da invasão turca do Ocidente.
Lutero imprimiu o hino em
folhas de papel, sem a melodia, que rapidamente se espalharam pela Alemanha; em
1529, o hino foi incluído na coletânea Geistlich Lieder (Cânticos Espirituais),
publicada por Joseph Klug.
Em 19 de abril de 1529,
as autoridades alemãs que adotavam as idéias de Lutero apresentaram, ao
parlamento reunido em Espira, um protesto (daí o apelido Protestantes) contra
as medidas legislativas referentes à liberdade de culto, que significavam séria
ameaça à Reforma. Neste ambiente crítico, deprimidos, mas inspirados pelo Salmo
46, os crentes cantaram o hino de Lutero.
O mais antigo hinário
existente, em que este hino aparece, é o de Andrew Rauscher (1531), mas é
provável que ele figurasse já no hinário de Wittenberg, de Joseph Klug, de
1529, do qual não existe cópia. Seu título era “Der XXXXVI. Psalm”. Deus noster
refugium et virtus. Antes disso é provável que tenha figurado no Hinário de
Wittenberg, de Hans Weiss de 1528, também extraviado. Esta evidência reforça a
idéia de que fora escrito entre 1527 e 1529, já que os hinos de Lutero eram
impressos imediatamente após serem escritos.
Quem muito colaborou para
difundir este hino de Lutero na Alemanha, foi o sapateiro e poeta de
Nurenbergue Hans Sachs (1494-1576). Ele mandou imprimir folhetos volantes que
podiam ser vendidos bem barratos. Neles estava representada (1) a xilogravura
de Albrecht Dürer (1471-1528) entitulada “Ritter, Tod und Teufel” (Cavaleiro,
Morte e Diabo) feita em 1513, (2) o texto do hino “Deus é castelo forte e
bom...” e (3) a seguinte observação: >>Cada cristão corajoso, usando a
“armadura de Deus” (Efésios 6,11), tranquilo e seguro como este cavalheiro,
consegue atravessar o deserto espinhento e arrepiante desta vida, cheia de lama
e imundície, e não precisa temer nem morte, nem o diabo, mas, dirigindo seu
olhar para a cidade de Deus em cima do monte da salvação, pode vencer e
desprezar morte e diabo, como este velho cavalheiro o faz, e pode cantar ainda
alegremente: “Se inúmeros demônios vêm, querendo exterminar-nos: Sem medo
estamos, pois não tem poder de superar-nos.”
Heinrich Heine referiu-se
a esse hino como a Marselhesa da Reforma Protestante. Johann Sebastian Bach
utilizou sua melodia como tema da Cantata BWV 80. Felix Mendelssohn-Bartholdy
empregou-a no último movimento da sua 5ª sinfonia (Sinfonia da Reforma). Na
ópera Os Huguenotes de Giacomo Meyerbeer, é utilizada diversas vezes como
Leitmotiv. É também citada na ópera Friedenstag, de Richard Strauss.
No desenho animado Os Simpsons,
a campainha da porta de Ned Flanders, o alegre devoto religioso, vizinho de
porta, às vezes toca Castelo Forte é nosso Deus.
FONTE luteranos.com
Clemência dá-nos, ó
Senhor
Hino 106
1. Clemência dá-nos, ó
Senhor,
e graça sempiterna;
de tua face o resplendor
nos mostre a vida eterna,
que assim possamos
conhecer
tua obra poderosa;
aos que não crêem luz
trazer
bendita, fulgurosa.
Que em ti, Senhor, creiamos!
2.Assim te rendem
gratidão
os homens, jubilando.
Em alegria exaltarão
o teu poder, cantando.
Na terra és tu juiz,
Senhor!
Libertas do pecado!
Teu santo verbo, ó
Salvador,
por graça nos foi dado.
Que os passos teus
sigamos!
3. A ti exalte com fervor
toda a humanidade,
enaltecendo teu amor
e paternal bondade!
O Pai nos queira
abençoar,
no amor de Cristo nos
confortar!
Ao trino Deus graça e
louvor –
por toda a eternidade!
Clemência dá-nos, ó
Senhor
Comentário e Reflexão
HPD 106 – Clemência
dá-nos, ó Senhor
Letra: Martin
Luther (1524)
Melodia: do século 15, Ludwig
Senfl (1522), Matthäus Greiter (1524)
Textos bíblicos: Salmo 67
No ano de 1523 Martin
Luther publicou (em latim) uma ordem litúrgica para os cultos evangélicos em
Wittenberg, com o título “Formula missae et communionis pro ecclesia
Vuittembergensi “. Ali ele recomenda o Salmo 67 como uma das diferentes formas
de bênção para o final do culto. Expressamente ele cita o último versículo
deste Salmo: “Abençoe-nos Deus, e todos os confins da terra o temerão”. Ainda
no fim deste mesmo ano de 1523 o amigo Paul Speratus traduziu
esta ordem para a língua alemã, dando-lhe o título “Eine Weise christliche Mess
zu halten” (Um modo de celebrar culto cristão). E para encerrar o trabalho ele colocou as três
estrofes do recém-criado hino de M. Luther: “Es wolle Gott uns gnädig sein”
(Clemência dá-nos, ó Senhor). No mês de janeiro de 1524 a obra foi editada em
Wittenberg.
A melodia teve origem no
século 15. Provavelmente o músico Ludwig Senfl a sugeriu ao Reformador. E
Matthäus Greiter a adaptou ao texto do novo hino de Luther.
Nos primeiros hinários,
que publicaram este hino (1524/25), encontra-se o título sugerido pelo próprio
Luther: “Deus miseratur nostri” (Seja Deus gracioso para conosco, Salmo 67.1).
- A expressão “de tua face resplendor” da primeira estrofe assemelha-se com a
Bênção de Aarão (Numeros 6.24-26): “O Senhor faça resplandecer o seu rosto
sobre ti...” Provavelmente foi este fato que motivou Martin Luther a sugerir o
Salmo 67 ou o hino “Clemência dá-nos, ó Senhor” como hino final do culto. - Um
título mais extenso apareceu em 1544 no Hinário de Estrasburgo: “Um Salmo de
intercessão pela divulgação do santo evangelho entre todos os povos, incluindo
o prêmio maravilhoso de frutos e benefício do mesmo”. – No século 18 o poeta
alemão Friedrich Gottlieb Klopstock1
adaptou muitos corais dos hinários evangélicos ao gosto da época do
Classicismo. Fez, inclusive, mudanças no texto do hino “Clemência dá-nos, ó
Senhor”. E colocou este coral na seção de “Missão”. - Em nosso hinário HPD foi
incluído entre os hinos de “A Igreja e o Povo de Deus”.
Hoje em dia este hino é
quase desconhecido. É muito raro achar alguém que o cante. Porém, o Salmo 67
como bênção final ainda é usado com nova roupagem feita por Jairo
Trench Gonçalves (HPD volume 2, nº 376) com versificação de Paulo Cesar da
Silva: “Seja Deus gracioso e nos
abençoe...”
Uma Crônica do ano de
1524 conta como os moradores da cidade de Magdeburgo se tornaram evangélicos
através de hinos de Martin Luther:
Entre Páscoa e Pentecoste
de 1524 um pobre pedinte apareceu na praça central. Ali ofereceu alguns hinos
luteranos, entre eles “Clemência dá-nos, ó Senhor”, e às vezes os cantou em
público por onde ele passava. Desta maneira homens e mulheres, moças e rapazes
aprenderam hinos em língua alemã, e os divulgaram de modo que o povo comum
chegou a cantá-los diariamente em todas as igrejas, enquanto esperava o início
da prédica. Mas alguns conselheiros do antigo centro da cidade queriam mostrar
sua autoridade e mandaram prender dito pedinte. Ele foi encarcerado no
recém-construído porão da Câmara Municipal. Isto foi no dia de São João ante
portam Latinam (= 06 de maio de 1524).
Aconteceu que houve festa
na Paróquia de São João, onde algumas centenas de pessoas se reuniram. Elas
pagaram cada qual o valor de um Marco do próprio bolso e deram um jeito de libertar
o preso. Em seu lugar encarceraram um dos Guardas Municipais, chamado de João
Kuster. E após três semanas, a pedido da comunidade, ele foi expulso da cidade.
Guilherme, o outro Guarda, conseguiu fugir.
Cristãos, alegres jubilai
Hino 155
1. Cristãos, alegres
jubilai, felizes exultando;
com fé e com fervor
cantai, a Deus glorificando.
O que por nós fez o
Senhor, por seu divino excelso amor,
custou-lhe a própria
vida.
2. Fui prisioneiro de
Satã, a noite me envolvia.
A minha vida, triste e
vã, nas trevas se esvaía.
Abismo horrível me
tragou, o mal de mim se apoderou;
perdi-me no pecado.
3. As obras nunca poderão
livrar-me do pecado.
O livre arbítrio tenta em
vão guiar o condenado.
Horrível medo me
assaltou, ao desespero me levou,
lançando-me ao inferno.
4. O eterno Deus se
apiedou de mim, o infortunado.
De sua graça se lembrou,
voltou-se ao condenado.
O seu paterno coração
deu, para minha salvação,
o que há de mais
precioso.
5. Ao Filho disse o Pai
no céu: O tempo está chegado;
à terra desce, ó Filho
meu, e salva o condenado!
Liberta-o de pecado e
dor, morrendo, sê-lhe o Redentor:
Que tenha nova vida!
6. Obedeceu de coração o
Filho ao Pai amado.
Tornou-se em tudo meu
irmão, e, pobre e desprezado,
ele ocultou o seu poder e
um simples homem veio a ser:
Lutou por minha causa.
7. E disse em sua
compaixão: A minha mão segura.
Alcançarás a salvação, eu
venço a luta dura.
Pois eu sou teu e tu és
meu; onde eu estou terás o céu.
Nada há de separar-nos.
8. Derramarei o sangue
meu, serei à cruz pregado,
somente em benefício teu;
aceita-o, confiado!
Em inocência hei de
sofrer, que possas vida eterna obter
e bem-aventurança.
9. Ao Pai no céu eu
voltarei, porém, não te abandono:
O Espírito te enviarei do
meu celeste trono.
Em todo o sofrimento e
dor ampara-te o Consolador,
guiando-te à verdade.
10. Tudo o que fiz te
ensinei também o faze e ensina!
Farei crescer a minha
grei por minha luz divina.
A luz dos homens é falaz,
enganadora é sua paz.
Confia em mim somente!
Cristãos, alegres jubilai
Comentário e Reflexão
HPD 155 - Cristãos,
alegres jubilai é o hino mais extenso em nosso hinário, contando com 10
estrofes; é um dos hinos da autoria do Reformador Martin Luther. Ele compôs o
texto no ano de 1523, e no mesmo ano já foi publicado por meio de folhetos
avulsos. O título original foi: “Ein Danklied für die höchsten Wohltaten, so
uns Gott in Christo erzeigt hat” (Um hino de agradecimento pelos maiores
benefícios que Deus em Cristo nos mostrou). Mais tarde usaram-se ainda outros
títulos que, com poucas palavras, resumem o conteúdo do hino, como p.ex. em
1531: “Um cântico que abrange a vida cristã inteira”, e em 1535: “Um ótimo
canto espiritual, como o pecador pode receber a graça”.
Como modelo para a
melodia Martin Luter usou uma canção popular da época. Pois numa pequena edição
dum cancioneiro de 1524 lê-se antes deste hino a informação: >Segue um
bonito cântico evangélico que se canta conforme a melodia de “Alegrai-vos,
mulheres e homens, pois Cristo ressuscitou” a qual se costuma cantar na festa
da Páscoa.< Provavelmente esta canção deu a Luther o impulso para a 1ª
estrofe.
Conteúdo:
A 1ª estrofe é um apelo.
Somos chamados para jubilar alegres, exultar, cantar e glorificar a Deus. (Conhece
outros hinos nos quais aparecem estes verbos? P.ex. HPD 7; 14; 30; 60; 247;
253; 260...). Na continuação da 1ª estrofe aprendemos o porque de tanta alegria
e o preço que Deus pagou por nós.
Nas estrofes 2, 3 e 4
Luther fala de sua própria experiência feita antes de 1517: a sua vida triste
vã sob o peso do pecado (2ª); a tentativa de salvar-se por meio de obras boas
(3ª); e finalmente a certeza da salvação por graça (4ª). Veja o que o apóstolo
Paulo diz em Tito 3.3-7. - Agora já conhecemos o motivo da alegria dos
cristãos.
A 5ª estrofe explica o
que passou pelo coração de Deus, na forma interessante de um diálogo entre Deus
Pai e Deus Filho. E a 6ª estrofe ressalta a obediência de Jesus (Filipenses
2.5-11). O texto original alemão fala aqui da Virgem, lembrando o Natal. E em
lugar de “Lutou por minha causa” o original diz que Jesus veio para caçar o
diabo.
Nas quatro últimas
estrofes é o próprio Jesus quem fala. E não fala mais só ao aflito Martin
Luther, e, sim, a qualquer um de nós. Imagino-o estendendo a mão (7ª), pedindo:
A minha mão segura... (veja HPD 216) e declarando: eu sou teu e tu és meu (veja
HPD 222,3ª e 4ª de Paul Gerhardt).
Na 8ª estrofe fala mais
uma vez do alto preço que ele pagou para nossa salvação: derramou seu sangue e
sofreu na cruz – lembramos Semana e Sexta-feira-Santa. A 9ª estrofe se refere à
Ascensão de Jesus, quando volta ao Pai e promete não nos abandonar, pois envia
o Espírito Santo, o Consolador, que nos ampara e guia.
A 10ª estrofe baseia-se
nos últimos versículos do evangelho Mateus: “Ide, fazei discípulos de todas as
nações... e eis que estou convosco todos os dias.” (Mat. 28.19 e 20) e o 1º
capítulo dos Atos dos Apóstolos: “Sereis minhas testemunhas... até aos confins
da terra.” (Atos 1.8). Como discípulos temos a missão de fazer e ensinar o que
Jesus havia feito e ensinado. E´ uma maneira de agradecer ao Senhor pelo seu
grande sacrifício, além de jubilar e cantar.
Observação
Hoje em dia é difícil
achar alguém que tenha fôlego para cantar 10 estrofes em seguida. Porém, já que
cada uma das estrofes tem sua importância, convém que todas sejam cantadas.
Pode-se cantar as estrofes impares e ler as pares alternadamente. Ou, onde um
coro está presente, este pode alternar com os demais membros da comunidade. Ou
divide-se os membros presentes em dois grupos: homens e senhoras, jovens e
adultos, lados da esquerda e da direita, etc. Sendo a primeira e a última
estrofes cantados por todos.
HPD 155,10 “A luz dos
homens é falaz, enganadora é sua paz”
No ano de 1557 os líderes
e nobres alemães se reuniram em Frankfurt sobre o Meno, por ordem do Imperador.
No dia de São João os evangélicos reuniram-se na Igreja de São Bartolomeu . Ali
um pastor evangélico deveria transmitir-lhes a Palavra de Deus. Mas ficaram
muito admirados quando de repente um sacerdote católico romano foi ocupar o
púlpito. Cantaram o hino antes da prédica. E quando o sacerdote queria iniciar
sua mensagem os príncipes evangélicos começaram a cantar um hino da autoria de
Martin Luther: “Ó Santo Espírito do Senhor, dá-nos fé e verdadeiro amor” (HPD
82), e o povo reunido os acompanhava. O sacerdote aguardou com paciência.
Depois começou a ler o Evangelho do Dia. Os visitantes o escutaram em silêncio
e com respeito. Em seguida, quando o sacerdote ia começar seu sermão, os
príncipes iniciaram um outro cântico. Agora foi o hino luterano “Cristãos,
alegres jubilai, felizes exultando...”. Cantam todas as dez estrofes. O
sacerdote, ao escutar a terceira estrofe “As obras nunca poderão livrar-me do
pecado...”, desce irado do púlpito. Ele se confronta com um dos mais
importantes príncipes e grita: ‘Me obrigam a abandonar o púlpito; no juízo
final terão que prestar contas por isso.’ – O príncipe respondeu: ‘Sem licença
vossa senhoria ocupou o nosso púlpito. A respeito do juízo final eu penso que
nem estaremos tão próximos um ao outro!’ – O sacerdote irritado, jogou no chão
a ampulheta que estava na sua mão, e cheio de raiva saiu da igreja. Depois o
culto evangélico podia ser celebrado sem perturbação.
fonte luteranos.com
03/10/1538
Deus Pai, no Reino
celestial
Hino 185 - Pai nosso
interpretado e musicado
1. Deus Pai, no Reino
celestial,
a todos mandas por igual,
sermos irmãos e te
invocar:
A ti queremos nós orar.
Não fale só a boca em
vão;
dá que ore o nosso
coração!
2. Santificado o nome teu
seja entre nós, como é no
céu.
No Verbo teu nos faze
crer
e nele em retidão viver.
Doutrina falsa, ó Deus,
detém,
os desviados guia ao bem!
3. Teu Reino venha a nós,
Senhor.
O Espírito Consolador
assista sempre a todos
nós.
Derrota o inimigo atroz!
Fiéis nos faze em ti
viver,
vem tua igreja proteger!
4. Tua vontade paternal
no céu, na terra, por
igual,
se faça em alegria ou
dor,
que obedeçamos em amor.
Senhor, tu queiras
impedir
os que a procuram
transgredir.
5. Dá-nos o cotidiano pão
e o que nos é de
precisão.
Pedimos-te também,
Senhor,
que afastes ódio e
desamor
e nos concedas, se te
apraz,
união, concórdia, graça e
paz.
6. Perdoa as dívidas,
Senhor;
perdoa ofensas e rancor!
Queremos ao faltoso irmão
também perdoar de
coração!
Dispõe-nos todos a
servir;
concórdia e amor nos
queira unir.
7. E não nos deixes
incidir
em tentação; que resistir
possamos sempre à
provação,
por teu poder e proteção.
Libera-nos, Senhor, do
mal,
e ampara-nos na dor
final.
8. Amém, isto é, que seja
assim!
Que nossa fé não tenha
fim!
e não nos deixes duvidar
do que acabamos de rogar.
Assim, com fé, Deus e
Senhor,
Amém dizemos com fervor.
Deus Pai, no reino
celestial
Comentário e Reflexão
HPD 185 – Deus Pai, no
reino celestial
Letra: Martin Luther
(1539)
Melodia: Martin Luther
(1539), baseado numa melodia do séc.14.
Texto bíblico: Mateus
6.9-13
“Deus Pai, no Reino
celestial” (HPD 185) (Vater unser im Himmelreich) é mais um dos hinos da
autoria de Martin Luther. O Reformador se ocupou com a Oração Dominical já
desde 1517, quando proferiu as prédicas sobre o Pai Nosso. No ano de 1519
publicou três artigos diferentes sobre o mesmo tema: “Breve Noção”, “Breve
forma de compreender e orar o Paternoster”, e “Breve interpretação do Pai
Nosso”. E em 1520 seguiu ainda a “Breve forma para entender o Paternoster”. A
melhor explicação do Pai Nosso, porém, encontramos em o Catecismo Menor e o
Catecismo Maior, ambos escritos por Luther no ano de 1529. No entanto, o hino
sobre este tema apareceu somente 10 anos mais tarde.
Um grande número de hinos
de Martin Luther nasceu na década de 1520/29. A primeira publicação do “Vater
unser im Himmelreich” foi feita por Valentin Schumann no hinário “Geistliche
Lieder” em Leipzig, no ano de 1539, sob o título “Das Vaterunser kurz und gut
ausgelegt und in Gesangbuchweise gebracht” (O Pai-nosso explicado de modo breve
e bom e feito para ser cantado). No mesmo ano também circularam folhetos
avulsos com este hino.
A melodia foi emprestada
duma canção de um poeta e compositor que geralmente é chamado de Monge de
Salzburgo1. Ele vivia no final do século 14, na época do arcebispo Pilgrim II
(+1396). Ele compôs canções religiosas e profanas. Entre os mais do que 100
manuscritos conservados encontra-se um “Tischsegen” (Oração antes da refeição).
A melodia desta foi usada em 1531 no hinário dos Irmãos Moravianos: “Ein New
Geseng buchlen. Mdxxxi”, publicado por Michael Weisse. Martin
Luther adaptou esta melodia2 para seu
hino sobre a oração do Pai Nosso.
A mesma melodia, mais
tarde, foi aproveitada para os hinos HPD 151 “Não quero, diz-nos o Senhor...” e
HPD 294 “Nas chagas de meu Salvador...” . Vários compositores, entre eles
Johann Sebastian Bach BWV 636, 683, 762) e Dietrich Buxtehude (BuxWV 219),
elaboraram obras musicais baseadas nesta melodia.
O conteúdo do hino HPD
185, como já sugeriu o antigo título, é uma breve explicação da Oração
Dominical. A 1ª estrofe traz a introdução: invocamos o nome de Deus e meditamos
sobre o tema “oração”. Depois, cada uma das estrofes seguintes se refere aos
respectivos 7 pedidos que se encontram explicados no Catecismo Menor (sendo que
na tradução do nosso hinário a 7ª estrofe une as 7ª e 8ª estrofes do original
alemão). E na última estrofe temos uma reflexão sobre o termo “Amém”.
fonte luteranos.com
www.historiadamusicasacra.blogspot.com
30/08/1529
A paz nos queiras
conceder
Comentário e Reflexão
HPD 291 – A paz nos
queiras conceder
Letra e melodia: Martin
Luther (1529)
Tradução: supostamente
Prof. Siegfried Dietschi
Textos bíblicos: Isaías
32.17+18; Filipenses 4.7
A oração e a melodia de
“A paz nos queiras conceder” (no original: Verleih uns Frieden, gnädiglich),
foram baseadas na antífona latina do século 9: “Da pacem Domine in diebus
nostris, quia non est alius, qui pugnet pro nobis nisi tu, deus noster.” A nova
versão de Martin Luther em língua alemã foi publicada no hinário de Kluge em
1529. Provavelmente foi feita pelo Reformador neste mesmo ano. Pois o hinário
de Erfurt, do ano de 1527, ainda não continha estes versos de Luther, mas
apresentou somente uma tradução da antífona latina para o alemão em forma de
prosa.
No ano de 1529 Luther
teve dois importantes motivos para orar por paz: um era a situação
política/religiosa interna no país, e o outro a situação da Europa com a
invasão dos turcos.
O Imperador Carlos V havia convidado todos os
Príncipes Eleitores e Líderes de cidades livres para uma Dieta a ser realizada
na cidade de Speyer. Ele havia vencido uma guerra contra Francisco I da França.
Agora pretendia resolver assuntos internos ligados à reforma religiosa. No
entanto, ele pessoalmente não participou. Ele permaneceu na Espanha e
encarregou o seu irmão Fernando para dirigir a Dieta. - Era costume iniciar a
Dieta com uma declaração do Imperador. Na ausência do mesmo seria apresentado
uma leitura da declaração imperial. Todos aguardavam com vivo interesse e com
certo temor a carta do Soberano. Porém, ela não chegou em tempo. Fernando,
então rei da Áustria, aproveitou a lacuna e elaborou uma declaração conforme suas
próprias ideias, e apresentou-a como se fosse escrita pelo Imperador. Os
ouvintes admiravam-se sobre o tom rude e rancoroso do documento. Pois na Dieta
em Speyer no ano de 1526 foi resolvido que em assuntos de religião todas as
autoridades devem agir do modo como conseguissem responder perante o rei e
Deus. Isso deu aos evangélicos certa liberdade de seguir a confissão luterana.
Porém, agora rei Fernando queria fazer valer novamente o decreto de Worms do
ano 1521, o qual, entre outros, havia declarado que Luther era herege. A
minoria evangélica protestou1 contra
este intento. No dia 19 de abril de 1529 seis Príncipes Eleitores e 14 Cidades
Livres votaram contra a proscrição de Martin Luther e a condenação de seus
livros, e a favor da difusão da doutrina evangélica.
Na mesma época um mui
grande exército de turcos, liderado pelo Sultão Suliman II, dirigiu-se contra a
cidade de Viena, ameaçando invadir a Europa. Em abril de 1529 imprimiu-se o
livro de Luther, intitulado “Da guerra contra os turcos”. Ali ele não cita o
Imperador Carlos como comandante na luta contra os turcos, mas, sim, o “Senhor
Cristianus”. Senhor Cristianus para Luther era o pequeno número de verdadeiros
cristãos que vencem o Alá dos turcos com penitência, oração e confiança em
Deus.
Cercado por tantas
ameaças Martin Luther pessoalmente procurou força na oração. Lembrou-se da
antiga Antífona latina “Da pacem domine” e transformou-a numa oração em língua
alemã, a fim de que outros cristãos pudessem ajudar a orar.
Grande número de
compositores, entre eles Heinrich Schütz (1585-1672), Johann Hermann Schein
(1586-1630), Andreas Hammerschmidt (1610-1675), Johann Sebastian Bach BWV 126
(1685-1750), Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847), Hugo Distler (1908-1942),
Alfred Koerppen (*1926) tomaram esta oração como base para composições
musicais.
Hoje em dia, em nossas
igrejas, raramente se canta esta oração, talvez porque a antiga melodia não
seja mais tão atraente. Mas não deixamos de orar pela paz. No segundo volume
dos “Hinos do Povo de Deus” temos outras sugestões: HPD nº 368 “Paz, paz de
Cristo” e HPD nº 377 “A paz do Senhor”.
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