terça-feira, 25 de novembro de 2014

HINOS DE MARTINHO LUTERO (REFLEXÃO PARTE 2)

  
Deus é castelo forte e bom
Hino 97
  Comunidade Suíça - Santa Leopoldina - Espírito Santo
1 – Deus é castelo forte e bom, defesa e armamento.
Assiste-nos com sua mão, na dor e no tormento.
O rei infernal das trevas do mal, com todo o poder e astúcia quer vencer: Igual não há na terra.

2 – A minha força nada faz, sozinho estou perdido.
Um homem a vitória traz, por Deus foi escolhido.
Quem trouxe esta luz?
Foi Cristo Jesus, o eterno Senhor, outro não tem vigor; triunfará na luta.

3 – Se inúmeros demônios vêm, querendo exterminar-nos:
Sem medo estamos, pois não têm poder de superar-nos.
Pois o rei do mal, de força infernal, não dominará;
Já condenado está por uma só palavra.

4 – O Verbo eterno vencerá as hostes da maldade.
As armas o Senhor nos dá: Espírito, Verdade.
Se a morte eu sofrer, se os bens eu perder: que tudo se vá!
Jesus conosco está. Seu Reino é nossa herança!
Deus é castelo forte e bom

Comentário e reflexão
HPD nº 97 - Deus é Castelo forte e bom
O mais conhecido dos corais de Martim Lutero é Ein Feste Burg ist unser Gott (Um Castelo Forte é o Nosso Deus), cuja melodia procede do Canto Gregoriano; o texto é uma paráfrase do Salmo 46, cujo tema é a confiança em Deus: Deus é nosso refúgio e fortaleza...
Podemos imaginar Lutero contemplando os muros do castelo de Wartburg nos dias que antecederam seu julgamento em Worms (1521). Sua confiança estava em Deus. Ele sabia que Satanás era o seu grande Inimigo; seu defensor era Jesus. Os adversários procuravam prendê-lo e matá-lo; a Palavra de Deus tinha poder para salvá-lo. Nada – ódio, ofensa, morte – poderia atingi-lo, porque o Reino de Deus é eterno! Lutero cria que o hino tinha poder para transmitir substância teológica.
Quanto à data de elaboração do hino, existem algumas hipóteses:
1. numa noite de abril de 15211, preparando-se para obedecer à intimação pelo imperador Carlos V de comparecer perante o parlamento em Worms, onde defendeu suas obras teológicas; tendo saído de Wartburg e passado a noite com os Agostinianos na fortaleza Marienberg, em Wurzburg, próxima do rio Meno; o papa Leão X tinha inscrito o nome de Lutero na lista dos hereges, banindo-o da Igreja Católica;
2. algum tempo depois de 1521, lembrando-se do julgamento em Worms;
3. em 1527, quando sofreu sua primeira crise renal;
4. em outubro de 1527, por ocasião do décimo aniversário da afixação das Noventa e Cinco Teses na porta da capela do castelo em Wittenberg;
5. em 1527, quando soube da execução de crentes reformados em Bruxelas;
6. em 1529, por ocasião da invasão turca do Ocidente.
Lutero imprimiu o hino em folhas de papel, sem a melodia, que rapidamente se espalharam pela Alemanha; em 1529, o hino foi incluído na coletânea Geistlich Lieder (Cânticos Espirituais), publicada por Joseph Klug.
Em 19 de abril de 1529, as autoridades alemãs que adotavam as idéias de Lutero apresentaram, ao parlamento reunido em Espira, um protesto (daí o apelido Protestantes) contra as medidas legislativas referentes à liberdade de culto, que significavam séria ameaça à Reforma. Neste ambiente crítico, deprimidos, mas inspirados pelo Salmo 46, os crentes cantaram o hino de Lutero.
O mais antigo hinário existente, em que este hino aparece, é o de Andrew Rauscher (1531), mas é provável que ele figurasse já no hinário de Wittenberg, de Joseph Klug, de 1529, do qual não existe cópia. Seu título era “Der XXXXVI. Psalm”. Deus noster refugium et virtus. Antes disso é provável que tenha figurado no Hinário de Wittenberg, de Hans Weiss de 1528, também extraviado. Esta evidência reforça a idéia de que fora escrito entre 1527 e 1529, já que os hinos de Lutero eram impressos imediatamente após serem escritos.
Quem muito colaborou para difundir este hino de Lutero na Alemanha, foi o sapateiro e poeta de Nurenbergue Hans Sachs (1494-1576). Ele mandou imprimir folhetos volantes que podiam ser vendidos bem barratos. Neles estava representada (1) a xilogravura de Albrecht Dürer (1471-1528) entitulada “Ritter, Tod und Teufel” (Cavaleiro, Morte e Diabo) feita em 1513, (2) o texto do hino “Deus é castelo forte e bom...” e (3) a seguinte observação: >>Cada cristão corajoso, usando a “armadura de Deus” (Efésios 6,11), tranquilo e seguro como este cavalheiro, consegue atravessar o deserto espinhento e arrepiante desta vida, cheia de lama e imundície, e não precisa temer nem morte, nem o diabo, mas, dirigindo seu olhar para a cidade de Deus em cima do monte da salvação, pode vencer e desprezar morte e diabo, como este velho cavalheiro o faz, e pode cantar ainda alegremente: “Se inúmeros demônios vêm, querendo exterminar-nos: Sem medo estamos, pois não tem poder de superar-nos.”
Heinrich Heine referiu-se a esse hino como a Marselhesa da Reforma Protestante. Johann Sebastian Bach utilizou sua melodia como tema da Cantata BWV 80. Felix Mendelssohn-Bartholdy empregou-a no último movimento da sua 5ª sinfonia (Sinfonia da Reforma). Na ópera Os Huguenotes de Giacomo Meyerbeer, é utilizada diversas vezes como Leitmotiv. É também citada na ópera Friedenstag, de Richard Strauss.

No desenho animado Os Simpsons, a campainha da porta de Ned Flanders, o alegre devoto religioso, vizinho de porta, às vezes toca Castelo Forte é nosso Deus.
FONTE luteranos.com


Clemência dá-nos, ó Senhor
Hino 106
1. Clemência dá-nos, ó Senhor,
e graça sempiterna;
de tua face o resplendor
nos mostre a vida eterna,
que assim possamos conhecer
tua obra poderosa;
aos que não crêem luz trazer
bendita, fulgurosa.
Que em ti, Senhor, creiamos!
2.Assim te rendem gratidão
os homens, jubilando.
Em alegria exaltarão
o teu poder, cantando.
Na terra és tu juiz, Senhor!
Libertas do pecado!
Teu santo verbo, ó Salvador,
por graça nos foi dado.
Que os passos teus sigamos!
3. A ti exalte com fervor
toda a humanidade,
enaltecendo teu amor
e paternal bondade!
O Pai nos queira abençoar,
no amor de Cristo nos confortar!
Ao trino Deus graça e louvor –
por toda a eternidade!
Clemência dá-nos, ó Senhor
Comentário e Reflexão
HPD 106 – Clemência dá-nos, ó Senhor
Letra: Martin Luther (1524)
Melodia: do século 15, Ludwig Senfl (1522), Matthäus Greiter (1524)
Textos bíblicos: Salmo 67
No ano de 1523 Martin Luther publicou (em latim) uma ordem litúrgica para os cultos evangélicos em Wittenberg, com o título “Formula missae et communionis pro ecclesia Vuittembergensi “. Ali ele recomenda o Salmo 67 como uma das diferentes formas de bênção para o final do culto. Expressamente ele cita o último versículo deste Salmo: “Abençoe-nos Deus, e todos os confins da terra o temerão”. Ainda no fim deste mesmo ano de 1523 o amigo Paul Speratus traduziu esta ordem para a língua alemã, dando-lhe o título “Eine Weise christliche Mess zu halten” (Um modo de celebrar culto cristão). E para encerrar o trabalho ele colocou as três estrofes do recém-criado hino de M. Luther: “Es wolle Gott uns gnädig sein” (Clemência dá-nos, ó Senhor). No mês de janeiro de 1524 a obra foi editada em Wittenberg.
A melodia teve origem no século 15. Provavelmente o músico Ludwig Senfl a sugeriu ao Reformador. E Matthäus Greiter a adaptou ao texto do novo hino de Luther.
Nos primeiros hinários, que publicaram este hino (1524/25), encontra-se o título sugerido pelo próprio Luther: “Deus miseratur nostri” (Seja Deus gracioso para conosco, Salmo 67.1). - A expressão “de tua face resplendor” da primeira estrofe assemelha-se com a Bênção de Aarão (Numeros 6.24-26): “O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti...” Provavelmente foi este fato que motivou Martin Luther a sugerir o Salmo 67 ou o hino “Clemência dá-nos, ó Senhor” como hino final do culto. - Um título mais extenso apareceu em 1544 no Hinário de Estrasburgo: “Um Salmo de intercessão pela divulgação do santo evangelho entre todos os povos, incluindo o prêmio maravilhoso de frutos e benefício do mesmo”. – No século 18 o poeta alemão Friedrich Gottlieb Klopstock1  adaptou muitos corais dos hinários evangélicos ao gosto da época do Classicismo. Fez, inclusive, mudanças no texto do hino “Clemência dá-nos, ó Senhor”. E colocou este coral na seção de “Missão”. - Em nosso hinário HPD foi incluído entre os hinos de “A Igreja e o Povo de Deus”.
Hoje em dia este hino é quase desconhecido. É muito raro achar alguém que o cante. Porém, o Salmo 67 como bênção final ainda é usado com nova roupagem feita por Jairo Trench Gonçalves (HPD volume 2, nº 376) com versificação de Paulo Cesar da Silva: “Seja Deus gracioso e nos abençoe...”
Uma Crônica do ano de 1524 conta como os moradores da cidade de Magdeburgo se tornaram evangélicos através de hinos de Martin Luther:
Entre Páscoa e Pentecoste de 1524 um pobre pedinte apareceu na praça central. Ali ofereceu alguns hinos luteranos, entre eles “Clemência dá-nos, ó Senhor”, e às vezes os cantou em público por onde ele passava. Desta maneira homens e mulheres, moças e rapazes aprenderam hinos em língua alemã, e os divulgaram de modo que o povo comum chegou a cantá-los diariamente em todas as igrejas, enquanto esperava o início da prédica. Mas alguns conselheiros do antigo centro da cidade queriam mostrar sua autoridade e mandaram prender dito pedinte. Ele foi encarcerado no recém-construído porão da Câmara Municipal. Isto foi no dia de São João ante portam Latinam (= 06 de maio de 1524).

Aconteceu que houve festa na Paróquia de São João, onde algumas centenas de pessoas se reuniram. Elas pagaram cada qual o valor de um Marco do próprio bolso e deram um jeito de libertar o preso. Em seu lugar encarceraram um dos Guardas Municipais, chamado de João Kuster. E após três semanas, a pedido da comunidade, ele foi expulso da cidade. Guilherme, o outro Guarda, conseguiu fugir.

Cristãos, alegres jubilai
Hino 155
1. Cristãos, alegres jubilai, felizes exultando;
com fé e com fervor cantai, a Deus glorificando.
O que por nós fez o Senhor, por seu divino excelso amor,
custou-lhe a própria vida.
2. Fui prisioneiro de Satã, a noite me envolvia.
A minha vida, triste e vã, nas trevas se esvaía.
Abismo horrível me tragou, o mal de mim se apoderou;
perdi-me no pecado.
3. As obras nunca poderão livrar-me do pecado.
O livre arbítrio tenta em vão guiar o condenado.
Horrível medo me assaltou, ao desespero me levou,
lançando-me ao inferno.
4. O eterno Deus se apiedou de mim, o infortunado.
De sua graça se lembrou, voltou-se ao condenado.
O seu paterno coração deu, para minha salvação,
o que há de mais precioso.
5. Ao Filho disse o Pai no céu: O tempo está chegado;
à terra desce, ó Filho meu, e salva o condenado!
Liberta-o de pecado e dor, morrendo, sê-lhe o Redentor:
Que tenha nova vida!
6. Obedeceu de coração o Filho ao Pai amado.
Tornou-se em tudo meu irmão, e, pobre e desprezado,
ele ocultou o seu poder e um simples homem veio a ser:
Lutou por minha causa.
7. E disse em sua compaixão: A minha mão segura.
Alcançarás a salvação, eu venço a luta dura.
Pois eu sou teu e tu és meu; onde eu estou terás o céu.
Nada há de separar-nos.
8. Derramarei o sangue meu, serei à cruz pregado,
somente em benefício teu; aceita-o, confiado!
Em inocência hei de sofrer, que possas vida eterna obter
e bem-aventurança.
9. Ao Pai no céu eu voltarei, porém, não te abandono:
O Espírito te enviarei do meu celeste trono.
Em todo o sofrimento e dor ampara-te o Consolador,
guiando-te à verdade.
10. Tudo o que fiz te ensinei também o faze e ensina!
Farei crescer a minha grei por minha luz divina.
A luz dos homens é falaz, enganadora é sua paz.
Confia em mim somente!

Cristãos, alegres jubilai
Comentário e Reflexão
HPD 155 - Cristãos, alegres jubilai é o hino mais extenso em nosso hinário, contando com 10 estrofes; é um dos hinos da autoria do Reformador Martin Luther. Ele compôs o texto no ano de 1523, e no mesmo ano já foi publicado por meio de folhetos avulsos. O título original foi: “Ein Danklied für die höchsten Wohltaten, so uns Gott in Christo erzeigt hat” (Um hino de agradecimento pelos maiores benefícios que Deus em Cristo nos mostrou). Mais tarde usaram-se ainda outros títulos que, com poucas palavras, resumem o conteúdo do hino, como p.ex. em 1531: “Um cântico que abrange a vida cristã inteira”, e em 1535: “Um ótimo canto espiritual, como o pecador pode receber a graça”.
Como modelo para a melodia Martin Luter usou uma canção popular da época. Pois numa pequena edição dum cancioneiro de 1524 lê-se antes deste hino a informação: >Segue um bonito cântico evangélico que se canta conforme a melodia de “Alegrai-vos, mulheres e homens, pois Cristo ressuscitou” a qual se costuma cantar na festa da Páscoa.< Provavelmente esta canção deu a Luther o impulso para a 1ª estrofe.
Conteúdo:
A 1ª estrofe é um apelo. Somos chamados para jubilar alegres, exultar, cantar e glorificar a Deus. (Conhece outros hinos nos quais aparecem estes verbos? P.ex. HPD 7; 14; 30; 60; 247; 253; 260...). Na continuação da 1ª estrofe aprendemos o porque de tanta alegria e o preço que Deus pagou por nós. 
Nas estrofes 2, 3 e 4 Luther fala de sua própria experiência feita antes de 1517: a sua vida triste vã sob o peso do pecado (2ª); a tentativa de salvar-se por meio de obras boas (3ª); e finalmente a certeza da salvação por graça (4ª). Veja o que o apóstolo Paulo diz em Tito 3.3-7. - Agora já conhecemos o motivo da alegria dos cristãos. 
A 5ª estrofe explica o que passou pelo coração de Deus, na forma interessante de um diálogo entre Deus Pai e Deus Filho. E a 6ª estrofe ressalta a obediência de Jesus (Filipenses 2.5-11). O texto original alemão fala aqui da Virgem, lembrando o Natal. E em lugar de “Lutou por minha causa” o original diz que Jesus veio para caçar o diabo. 
Nas quatro últimas estrofes é o próprio Jesus quem fala. E não fala mais só ao aflito Martin Luther, e, sim, a qualquer um de nós. Imagino-o estendendo a mão (7ª), pedindo: A minha mão segura... (veja HPD 216) e declarando: eu sou teu e tu és meu (veja HPD 222,3ª e 4ª de Paul Gerhardt).
Na 8ª estrofe fala mais uma vez do alto preço que ele pagou para nossa salvação: derramou seu sangue e sofreu na cruz – lembramos Semana e Sexta-feira-Santa. A 9ª estrofe se refere à Ascensão de Jesus, quando volta ao Pai e promete não nos abandonar, pois envia o Espírito Santo, o Consolador, que nos ampara e guia.
A 10ª estrofe baseia-se nos últimos versículos do evangelho Mateus: “Ide, fazei discípulos de todas as nações... e eis que estou convosco todos os dias.” (Mat. 28.19 e 20) e o 1º capítulo dos Atos dos Apóstolos: “Sereis minhas testemunhas... até aos confins da terra.” (Atos 1.8). Como discípulos temos a missão de fazer e ensinar o que Jesus havia feito e ensinado. E´ uma maneira de agradecer ao Senhor pelo seu grande sacrifício, além de jubilar e cantar.
Observação
Hoje em dia é difícil achar alguém que tenha fôlego para cantar 10 estrofes em seguida. Porém, já que cada uma das estrofes tem sua importância, convém que todas sejam cantadas. Pode-se cantar as estrofes impares e ler as pares alternadamente. Ou, onde um coro está presente, este pode alternar com os demais membros da comunidade. Ou divide-se os membros presentes em dois grupos: homens e senhoras, jovens e adultos, lados da esquerda e da direita, etc. Sendo a primeira e a última estrofes cantados por todos.
HPD 155,10 “A luz dos homens é falaz, enganadora é sua paz”

No ano de 1557 os líderes e nobres alemães se reuniram em Frankfurt sobre o Meno, por ordem do Imperador. No dia de São João os evangélicos reuniram-se na Igreja de São Bartolomeu . Ali um pastor evangélico deveria transmitir-lhes a Palavra de Deus. Mas ficaram muito admirados quando de repente um sacerdote católico romano foi ocupar o púlpito. Cantaram o hino antes da prédica. E quando o sacerdote queria iniciar sua mensagem os príncipes evangélicos começaram a cantar um hino da autoria de Martin Luther: “Ó Santo Espírito do Senhor, dá-nos fé e verdadeiro amor” (HPD 82), e o povo reunido os acompanhava. O sacerdote aguardou com paciência. Depois começou a ler o Evangelho do Dia. Os visitantes o escutaram em silêncio e com respeito. Em seguida, quando o sacerdote ia começar seu sermão, os príncipes iniciaram um outro cântico. Agora foi o hino luterano “Cristãos, alegres jubilai, felizes exultando...”. Cantam todas as dez estrofes. O sacerdote, ao escutar a terceira estrofe “As obras nunca poderão livrar-me do pecado...”, desce irado do púlpito. Ele se confronta com um dos mais importantes príncipes e grita: ‘Me obrigam a abandonar o púlpito; no juízo final terão que prestar contas por isso.’ – O príncipe respondeu: ‘Sem licença vossa senhoria ocupou o nosso púlpito. A respeito do juízo final eu penso que nem estaremos tão próximos um ao outro!’ – O sacerdote irritado, jogou no chão a ampulheta que estava na sua mão, e cheio de raiva saiu da igreja. Depois o culto evangélico podia ser celebrado sem perturbação.
fonte luteranos.com


03/10/1538
Deus Pai, no Reino celestial
Hino 185 - Pai nosso interpretado e musicado
1. Deus Pai, no Reino celestial,
a todos mandas por igual,
sermos irmãos e te invocar:
A ti queremos nós orar.
Não fale só a boca em vão;
dá que ore o nosso coração!
2. Santificado o nome teu
seja entre nós, como é no céu.
No Verbo teu nos faze crer
e nele em retidão viver.
Doutrina falsa, ó Deus, detém,
os desviados guia ao bem!
3. Teu Reino venha a nós, Senhor.
O Espírito Consolador
assista sempre a todos nós.
Derrota o inimigo atroz!
Fiéis nos faze em ti viver,
vem tua igreja proteger!
4. Tua vontade paternal
no céu, na terra, por igual,
se faça em alegria ou dor,
que obedeçamos em amor.
Senhor, tu queiras impedir
os que a procuram transgredir.
5. Dá-nos o cotidiano pão
e o que nos é de precisão.
Pedimos-te também, Senhor,
que afastes ódio e desamor
e nos concedas, se te apraz,
união, concórdia, graça e paz.
6. Perdoa as dívidas, Senhor;
perdoa ofensas e rancor!
Queremos ao faltoso irmão
também perdoar de coração!
Dispõe-nos todos a servir;
concórdia e amor nos queira unir.
7. E não nos deixes incidir
em tentação; que resistir
possamos sempre à provação,
por teu poder e proteção.
Libera-nos, Senhor, do mal,
e ampara-nos na dor final.
8. Amém, isto é, que seja assim!
Que nossa fé não tenha fim!
e não nos deixes duvidar
do que acabamos de rogar.
Assim, com fé, Deus e Senhor,
Amém dizemos com fervor.
Deus Pai, no reino celestial
Comentário e Reflexão
HPD 185 – Deus Pai, no reino celestial
Letra: Martin Luther (1539)
Melodia: Martin Luther (1539), baseado numa melodia do séc.14.
Texto bíblico: Mateus 6.9-13
“Deus Pai, no Reino celestial” (HPD 185) (Vater unser im Himmelreich) é mais um dos hinos da autoria de Martin Luther. O Reformador se ocupou com a Oração Dominical já desde 1517, quando proferiu as prédicas sobre o Pai Nosso. No ano de 1519 publicou três artigos diferentes sobre o mesmo tema: “Breve Noção”, “Breve forma de compreender e orar o Paternoster”, e “Breve interpretação do Pai Nosso”. E em 1520 seguiu ainda a “Breve forma para entender o Paternoster”. A melhor explicação do Pai Nosso, porém, encontramos em o Catecismo Menor e o Catecismo Maior, ambos escritos por Luther no ano de 1529. No entanto, o hino sobre este tema apareceu somente 10 anos mais tarde.
Um grande número de hinos de Martin Luther nasceu na década de 1520/29. A primeira publicação do “Vater unser im Himmelreich” foi feita por Valentin Schumann no hinário “Geistliche Lieder” em Leipzig, no ano de 1539, sob o título “Das Vaterunser kurz und gut ausgelegt und in Gesangbuchweise gebracht” (O Pai-nosso explicado de modo breve e bom e feito para ser cantado). No mesmo ano também circularam folhetos avulsos com este hino.
A melodia foi emprestada duma canção de um poeta e compositor que geralmente é chamado de Monge de Salzburgo1. Ele vivia no final do século 14, na época do arcebispo Pilgrim II (+1396). Ele compôs canções religiosas e profanas. Entre os mais do que 100 manuscritos conservados encontra-se um “Tischsegen” (Oração antes da refeição). A melodia desta foi usada em 1531 no hinário dos Irmãos Moravianos: “Ein New Geseng buchlen. Mdxxxi”, publicado por Michael Weisse. Martin Luther adaptou esta melodia2  para seu hino sobre a oração do Pai Nosso.
A mesma melodia, mais tarde, foi aproveitada para os hinos HPD 151 “Não quero, diz-nos o Senhor...” e HPD 294 “Nas chagas de meu Salvador...” . Vários compositores, entre eles Johann Sebastian Bach BWV 636, 683, 762) e Dietrich Buxtehude (BuxWV 219), elaboraram obras musicais baseadas nesta melodia.

O conteúdo do hino HPD 185, como já sugeriu o antigo título, é uma breve explicação da Oração Dominical. A 1ª estrofe traz a introdução: invocamos o nome de Deus e meditamos sobre o tema “oração”. Depois, cada uma das estrofes seguintes se refere aos respectivos 7 pedidos que se encontram explicados no Catecismo Menor (sendo que na tradução do nosso hinário a 7ª estrofe une as 7ª e 8ª estrofes do original alemão). E na última estrofe temos uma reflexão sobre o termo “Amém”.
fonte luteranos.com
www.historiadamusicasacra.blogspot.com


30/08/1529
A paz nos queiras conceder
Comentário e Reflexão
HPD 291 – A paz nos queiras conceder
Letra e melodia: Martin Luther (1529)
Tradução: supostamente Prof. Siegfried Dietschi
Textos bíblicos: Isaías 32.17+18; Filipenses 4.7
A oração e a melodia de “A paz nos queiras conceder” (no original: Verleih uns Frieden, gnädiglich), foram baseadas na antífona latina do século 9: “Da pacem Domine in diebus nostris, quia non est alius, qui pugnet pro nobis nisi tu, deus noster.” A nova versão de Martin Luther em língua alemã foi publicada no hinário de Kluge em 1529. Provavelmente foi feita pelo Reformador neste mesmo ano. Pois o hinário de Erfurt, do ano de 1527, ainda não continha estes versos de Luther, mas apresentou somente uma tradução da antífona latina para o alemão em forma de prosa.
No ano de 1529 Luther teve dois importantes motivos para orar por paz: um era a situação política/religiosa interna no país, e o outro a situação da Europa com a invasão dos turcos.
 O Imperador Carlos V havia convidado todos os Príncipes Eleitores e Líderes de cidades livres para uma Dieta a ser realizada na cidade de Speyer. Ele havia vencido uma guerra contra Francisco I da França. Agora pretendia resolver assuntos internos ligados à reforma religiosa. No entanto, ele pessoalmente não participou. Ele permaneceu na Espanha e encarregou o seu irmão Fernando para dirigir a Dieta. - Era costume iniciar a Dieta com uma declaração do Imperador. Na ausência do mesmo seria apresentado uma leitura da declaração imperial. Todos aguardavam com vivo interesse e com certo temor a carta do Soberano. Porém, ela não chegou em tempo. Fernando, então rei da Áustria, aproveitou a lacuna e elaborou uma declaração conforme suas próprias ideias, e apresentou-a como se fosse escrita pelo Imperador. Os ouvintes admiravam-se sobre o tom rude e rancoroso do documento. Pois na Dieta em Speyer no ano de 1526 foi resolvido que em assuntos de religião todas as autoridades devem agir do modo como conseguissem responder perante o rei e Deus. Isso deu aos evangélicos certa liberdade de seguir a confissão luterana. Porém, agora rei Fernando queria fazer valer novamente o decreto de Worms do ano 1521, o qual, entre outros, havia declarado que Luther era herege. A minoria evangélica protestou1  contra este intento. No dia 19 de abril de 1529 seis Príncipes Eleitores e 14 Cidades Livres votaram contra a proscrição de Martin Luther e a condenação de seus livros, e a favor da difusão da doutrina evangélica.
Na mesma época um mui grande exército de turcos, liderado pelo Sultão Suliman II, dirigiu-se contra a cidade de Viena, ameaçando invadir a Europa. Em abril de 1529 imprimiu-se o livro de Luther, intitulado “Da guerra contra os turcos”. Ali ele não cita o Imperador Carlos como comandante na luta contra os turcos, mas, sim, o “Senhor Cristianus”. Senhor Cristianus para Luther era o pequeno número de verdadeiros cristãos que vencem o Alá dos turcos com penitência, oração e confiança em Deus.
Cercado por tantas ameaças Martin Luther pessoalmente procurou força na oração. Lembrou-se da antiga Antífona latina “Da pacem domine” e transformou-a numa oração em língua alemã, a fim de que outros cristãos pudessem ajudar a orar.
Grande número de compositores, entre eles Heinrich Schütz (1585-1672), Johann Hermann Schein (1586-1630), Andreas Hammerschmidt (1610-1675), Johann Sebastian Bach BWV 126 (1685-1750), Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847), Hugo Distler (1908-1942), Alfred Koerppen (*1926) tomaram esta oração como base para composições musicais.

Hoje em dia, em nossas igrejas, raramente se canta esta oração, talvez porque a antiga melodia não seja mais tão atraente. Mas não deixamos de orar pela paz. No segundo volume dos “Hinos do Povo de Deus” temos outras sugestões: HPD nº 368 “Paz, paz de Cristo” e HPD nº 377 “A paz do Senhor”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário